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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Até a morte


É que eu sou intensa demais, sou 8 ou 80, tudo ou nada, quero ou não quero.Amo ser assim, porém entro em contradição comigo mesma enquanto tento retratar minha personalidade. Sinto um pouco de medo.
Intensidade demais faz mal? Será que tem prescrição médica? Caso hajam sintomas leia a bula! Se há bula há remédio? Estou confusa! Mas quero me encontrar!
Desde quando rir demais é errado? Rir até doer a barriga chega a ser até um prazer; lazer; viver e qualquer coisa positiva que rime com er. E chorar comendo toda aquela panela de brigadeiro, vendo aquele romance brega no sábado a noite. Eu não vejo nada de errado nisso. Ao não ser quando começa a ser um problema.
Mas é tudo tão nítido, tão forte, não existem fronteiras nem limites (e não é propaganda enganosa da tim). É pré-histórico mas é verdade. Lembra de quando a flor nascia,crescia e morria para presentear outra? Isso é intensidade! Assim como eu considero intenso escrever esse texto fajuto a essa hora da noite, sem regras ou concordancias nas palavras, quem sabe o meu professor de literatura se mate ao ser ler isso, mas é assim que eu sou.
É foda sofrer disso, eu nem sei se tem nome esse sentimento. Começa a formigar as mãos, é uma coceirinha familiar e quando você percebe é tão automático que já fez.
É o grito quando seu time faz gol, o suspiro com o beijo do casal naquela novela cafona das 21:00hrs, o "UUUUL" quando o garoto quase se mata caindo do skate na sua frente. É tudo tão inevitável. Tudo tão único.
Por que eu sou obrigada a todas as manhãs aqueles girassois no terreno baldio, com o sol nascendo átras,dando aquele brilho e quase dizendo por si só, que aquele dia será bom. Eu fico tão encantada com aquela vista todas as manhãs, que nos dias chuvosos até me decepciono. 
Ser intenso é ser fraco? Hoje se alguém abrir minha cabeça só encontrará pontos de interrogação, tá tão difícil.
É complicado ser assim, por que ao mesmo tempo que é bom, é ruim. Se te faz muito alegre é impossível dormir de tão feliz, por outro lado se te faz mal, você não adormece por ficar pensando abobrinha e quem sabe chorando.
Alguém aí ja sofreu de intensidade? Conhece alguém que já morreu disso? Se sim, por favor não me conte. Isso faria muito mal a minha saúde mental, e aos parafusos soltos que passeiam na minha cabeça, as vezes sai algo com sentido, eu juro!
Por hora é isso, farei mais pesquisas à respeito e vou procurar alguns doutores, sim, aqueles bonitos e sarados, para ver se me prescrevem uma tarja preta, calmante ou um psiquiatra.
Um beijo pra quem ainda não ficou louco e conseguiu ler até o final.

                                                                       Rafaella Alvez

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Diga sim

O reencontro é ainda melhor.Muitos pedem doses de desapego,porém o mundo não se deu conta ainda de que nós precisamos mesmo são dos apegados.Para de por uma armadura meu filho e vai viver,chega de caô e para de bancar o otário querendo agradar todo mundo.O meu rádio ta sintonizado em qualquer estação e as músicas são tão antigas.Essa sensação é tão boa.A minha pele se arrepia de uma forma indiscritivel quando a Whitney grita na música "stay in my arms if you dare". A saudade da 6ª serie é inevitável, era tudo tão mais tranquilo naquela época,tempos de descobertas e mudanças.Nada foi em vão, e aquele sorriso idiota quando toca uma música ruim é de satisfação, por lembrar que eu ouvia isso com as minhas amigas naquela época e adorava.Coisas que hoje eu não suporto nem olhar, eu achava graça naquele tempo.O que passou,passou.Hoje em dia tudo é tão mais desvalorizado,as pessoas sofrem e pedem por desapego,mesmo no fundo querendo um pouquinho de afeto de qualquer fonte que possam beber.É tanta gente com pressa, ocupada com o trabalho,arquitetando planos para as festas de fim de ano, que esquecem que é aqui e agora que tudo funciona.Dois minutos se passaram e o que voce tem a dizer do seu passado ? - Eu tava planejando! Diria o idiota da mesa ao lado, procurando a caneta que estava atrás da orelha.Me enchendo o saco os pregos do trabalho me pedem pra mudar a estação.E por falar em estação, aquele ônibus tava demorando demais para chegar,e a chuva apertava e molhava justo o meu sapatinho de camurça novo,que droga, a minha pasta não resolvia muita coisa,mas ja evitava de escorrer aquele pouco de maquiagem que resolvi passar hoje.O cavalheiro ao lado tinha um guarda-chuva e logo já se aproximou e ofereceu cobertura para mim,por sorte meu transporte havia chego.Agradeci aos céus por isso.Ta vendo como a pressa atrapalha tudo?!Derrubei minha pasta e todos os documentos do trabalho cairam numa poça.Mas o dia estava a meu favor com paciência peguei tudo que havia caído e fui embora.Dessa vez ensopada ao lado de uma senhora,com jeitinho de vovó mesmo sabe? Eu já tinha perdido muita coisa naquele meio tempo e estava molhada,então o azar não poderia ser maior.Resolvi não descer em nenhuma das paradas,fiquei e observei todos os tipos de pessoas daquele ônibus,uma por uma. Tudo diferente,cultura,costumes,etnias,roupas. Porém tinham muita coisa em comum, a maioria dali(pude contar nos dedos de uma só mãos as que não se incluiam),mas quase todas tinham olhares vazios. Me mantive todo o trajeto quieta,e agora resfriada.Quis me esconder do motorista quando ele gritou que a próxima era a parada final e olhou para mim,com olhar de reprovação. Até fingir ter pego no sono e não funcionou,ele me enxotou dali e fui andando pra casa. Esbarrei com um cara da faculdade que me cedeu sua blusa quente e em troca dei-lhe meu coração mais quente ainda. Nada mais bem feito que uma barba mal feita diria Tati ... chega de desapego eu gritei quando a chuva voltou a cair e embalou nosso beijo. Caminhar com alguém ao nosso lado não só causa menos problemas, como ajuda a solucionar os poucos que ainda nos assombram a noite.
                                                                            Rafaella Alvez

                                                                

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Cinzas de rosas


Era novo e persistia. Foi dito repetidas vezes e assim,agora ecoava em sua mente, sem previsão de parada.As mãos estavam geladas e assim como suas pernas elas também estavam trêmulas, ditas num tom baixo e tímido as palavras saíram todas gaguejadas.Com a garganta engaiolada as mesmas presas não tinham escapatória. Ele me olhava do outro canto da sala,era um olhar morto,sem expectativas e nem muitas observações que foi interrompido por uma batida na porta,seguida de uma voz chamando alguém.O que fez com que o relógio voltasse a fazer seu percurso.Ele fica bonito de jeans e o outro lá de bermuda ,eu gostava dele porque entre todos era com ele que eu não trocava palavras ,e nem era preciso disfarçar olhando alternadamente em sua direção e no livro de sociologia .Os olhares não se cruzavam,droga! O leque amarelo ouro,florido e com mecanismo em marrom me chamava atenção,em partes pelo calor que fazia e os ventiladores não davam conta, o jeito como ele passava de mãos em mãos e nunca nas da japonesa que mordia com delicadeza e ousadia o lábio superior.Era uma das coisas que me intrigava naquele lugar.Mais uma para a tribo e ele nem se importava,como se não visse.Tinha estilo boyzinho e personalidade forte e isso já bastava para que eu me interessasse na figura do loirinho marrento,sem sal nem açúcar.Por que não falava comigo? Enquanto todos os outros já haviam se aproximado. O som de um violão que o músico dali tirava das cordas embalava meus pensamentos gritantes quanto a isso.Minha vontade de levantar dali e questioná-lo estava incontrolável,então resolvi pensar em outra coisa.Tentativa falha.Era mais forte que eu. Aquele professor com jeito afeminado me deu a brecha,me levantei e fui entregar a ele o pequeno quadro,coloquei minha mão sobre seu ombro e com jeito nada discreto ele se mostrou espantado com a minha figura representada ao seu lado,como um raio,mas do que depressa pegou o objeto. Não me preocupei nem um pouco com o que ele estava pensando de mim, a intenção era deixar minha marca e me mostrar presente.Missão concluída. Já se passava do 12:00 e o calor predominava o ambiente, minha vontade de ir para casa estava quase no mesmo nível de correr atrás.Sorte que eu não sou disso, me vangloriei! Eu sou foooooogo! Eu sempre insistia em dizer,se você acredita nos astros então por favor,não mexa com uma capricorniana. Aberta a pequena passagem, as palavras como passaros se viram livres e mais do que depressa saíram todas de uma vez,sem ordem ou cuidado,todas desordenadas chegaram ao ouvido do rapaz que por hora,só teve uma reação ... me olhar de volta e sorrir. O final a gente inventa!
                                                                                   Rafaella Alvez