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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Odeio muito você, meu amor.

Odeio sua tornozeleira, ela ja é velha e ta quase arrebentando, e cheira cachorro molhado depois do banho, odeio o jeito que voce segura o cigarro e como senta na escada enquanto fuma, não gosto só pelo fato de achar apaixonante sua pose, sem camisa, com um pé no degrau de baixo.Odeio mesmo o fato de voce ser tão mimado, odeio por que numa dessas suas aventuras voce aprendeu a ser orgulhoso e não gosta de pedir desculpa e nem admitir que esta errado. Odeio voce ser tão sincero comigo quando as vezes eu queria que voce escondesse o medo por tras de um sorriso besta. Odeio quando voce faz a barba, odeio voce colocar aquelas camisas com escrita babaca com uma seta apontando pra mim quando vamos ao shooping. Odeio seu sorriso falso para as fotos, e odeio voce sempre querer ver filme e não parar de falar, nem um pouco, caramba, com todo esse tempo de namoro a gente não conseguiu ver um filme inteiro. Pô, é foda  ter que pedir pra não queimar o alho do arroz, por que eu quero ele branquinho, odeio isso. Odeio não ter com quem brigar por causa da toalha molhada em cima da cama ou pela bagunça no quarto, ou por andar de moto sem blusa alguma. Odeio ter pego suas manias e caretas, e odeio voce ter feito isso comigo. Odeio ir embora com vergões avermelhados pelo rosto, por que você não pensa duas vezes antes de roçar a barba por todo ele de propósito. Odeio como voce é fraco pra bebida, e com duas cervejas ja fica ruim, e odeio ainda mais quando voce resolve misturar com qualquer outro tipo de caipirinha. Odeio ter que falar pra voce não misturar bebida e voce sempre fazer isso. Odeio voce gostar de me contrariar. Odeio seu chinelo, sei lá pq, mas nunca fui com a cara dele. Odeio voce demorar pra me responder as mensagens mais urgentes. E odeio muito seus atrasos, na verdade teve só um, mas eu odeio voce pq voce fez isso. Odeio quando sua calça cai e voce deixa metade da cueca aparecendo e acha que ta arrasando. Odeio voce tomar suplemento, e odeio não me atender no meio do seu treino quando eu quero falar que é uma sacanagem aquele professor veado ter faltado bem no dia em que ele marcou a prova mais importante do semestre. Odeio quando voce finge que ta tudo bem, e continua com cara de bunda. Odeio quando eu to brava e voce me faz rir, tirando toda a minha autoridade, odeio voce não me deixar ficar brava. Odeio quando eu quero fazer um drama e voce me corta, odeio que voce me pede pra pensar em arvores nesses momentos. Odeio quando voce fala em poucas palavras, e também quando faz muito rodeio pra dizer algo simples. Odeio seu furo no queixo, só pq te deixa charmoso. Odeio quando voce diz que ta em outra cidade e que vai demorar. Odeio ter que ser grossa com voce, mas voce sempre acaba merecendo uma patada pra acordar. Odeio quando voce me ergue do chão, e odeio ter que erguer os pés pra alcançar sua boca e voce rir me chamando de baixinha. Odeio sua camisa me servir de camisola, e odeio ela ficar sexy em mim. Odeio voce fingir de desentendido e também odeio quando voce não presta atenção no que eu falo, mesmo que seja sobre o tempo. Odeio quando eu quero paz e voce insiste em me fazer cócegas, e me odeio por sempre sorrir. Odeio quando tem festa de algum amigo babaca seu, odeio por que também é cheio de baranga, inclusive a namorada dele. Odeio ela. Odeio suas amiguinhas medrosas, e imaturas, falo isso por que elas nunca se apresentam, tem a fala corrida e mal da pra entender o que dizer enquanto se despedem depressa. Odeio voce me achar fofa enquanto meu sangue ferve de ciúmes. Odeio voce não ter muito ciúmes. Quer saber? Eu odeio voce! Com todos os trejeitos, gestos, carícias, beijos, sorrisos, olhares, corpão e tudo mais. Odeio voce. E o que eu mais odeio, é não saber odia-lo com tanta prece, com tanta convicção. Eu odeio não te odiar, e odeio ter que admitir o quanto tudo que eu disse é bem pelo contrário (menos a parte das amigas barangas). O meu ódio é todo convertido em forma de amor e chega até voce na forma do beijo mais suave que eu posso dar, da imensidão de sentimentos e também da explosão deles. Eu odeio o tamanho do meu amor por voce ser tão grande e ter a essência tão pura. Eu te amo meu pequeno

                                                                                                                                                                              Rafaella Alvez

sábado, 25 de maio de 2013

devaneios alheios

Eu queria cumprimentá-lo, mas não era no rosto o beijo que eu queria dar. E o abraço que eu desejava era forte e compromissado, sem ninguém para cessar minha confiança de estar ali.É que para um escritor o pouco é muito ... Um gole de chá, uma xícara de café enquanto chove lá fora e o ar condicionado faz mal para garganta aqui dentro.
A caneta numa mão, e a xícara na outra, seu namorado dormindo e você indo cobri-lo com todo o afeto que pode depositar naquele cobertor e ouvir um: deita um pouco aqui comigo vai! E ceder a voz embriagada de sono dele, enquanto entra por debaixo da coberta discretamente para não despertá-lo e em pouco tempo ele já te puxa para perto, se acomoda nos seus braços  como um porto seguro e o sentimento de confiança te invade o peito e te conforta tanto a ponto de querer descreve-lo enquanto dorme, feito uma criança inocente e despreocupada. Até que de tanto pensar e repensar, por fim você pega no sono, e pouco tempo depois acorda assustada, querendo saber onde deixou o bloco de notas e se depara com ele sentado na beira da cama com a sua xícara de café requentado, que aliás cheira muito bem, porque foi ele quem preparou e o dele é sempre melhor que o seu. Mas quando você tenta tomar as palavras de suas mãos, ele só sede o café com algumas gotas de whisky barato e começa a ler em voz alta, enquanto deixa tudo em segundo plano e segue em sua direção, fazendo cessar a fala com um beijo que só ele sabe dar. 
Mas ... para um escritor o pouco é muito, e o pouco que eu penso em você faz qualquer resquício ter importância, mas acabei beijando seu rosto e olhei timidamente para baixo, escondendo meu olhar gritante.
                                                                                        Rafaella Alvez

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Um sobre você


Você de terno e gravata fica bonito, e de bermuda e chinelo também. Segurando o cigarro numa mão e a cerveja na outra num crepúsculo de domingo num bar qualquer sorrindo para mim, fica ainda mais. Tirando sarro do meu cabelo ou com voz de deboche no telefone consegue ficar despresívelmente charmoso.
Com a voz rouca como a de quem acabou de acordar e a barba mal feita roçando no meu rosto, me engana com com suas palavras doces, enquanto me beija a boca afastando o juízo de nós, quando toca a minha pele e me puxa para mais perto.
Tira meu sossego quando aparece sem aviso prévio e me pega desprevenida no meu horário de almoço. Seu riso me inquieta e  no ritmo eu saio a dançar pelo quarto inundado de sentimentos, fazendo você alcançar meu passo e se juntar a mim, enquanto a melodia não só toca no ambiente, como toca nossas almas perturbadas. Querido, estamos na mesma sintonia.

                                                                   Rafaella Alvez

sábado, 27 de abril de 2013

Só de passagem


De certo modo foi bom. Me sentia atormentada por isso, porém era um tormento positivo. Foi um arrepio que subiu percorrendo toda a espinha quando você tocou minhas costas me puxando para perto. Sempre me desafiei a andar sozinha, sempre gostei da minha individualidade, aprendi que o singular é bonito e único, e me prendi a isso. Meus passos leves e sem compasso me flutuam até onde eu devo ficar e me arrastam quando devo ir, sem ao menos aviso prévio. Mas ali era o meu lugar, pelo menos por enquanto, e não só os meus pés estavam presos e intactos ao chão, mas, irredutível como ferro e imã eu me encontrava nos seus braços, somente podendo ouvir a nossa respiração. Seu sorriso assim como o meu era incontido. Eu 
queria reclamar da sua indiferença com algumas coisas e do timbre da sua voz quando chama meu nome com ar debochado, queria poder reclamar por você não assumir o controle quase nunca, mas sempre que o faz quero que pare. Não sei bem se era o perfume forte na sua roupa, que depois de um tempo se empregnou na minha, ou se foi o beijo já embriagado que despertou tamanha façanha, mas dessa vez mesmo eu sabendo que seria ligeiramente rápido, desejei ficar e sentir. Sua mão tocando suavemente meu rosto, enquanto a outra me puxa pra mais perto, seu sorriso de canto e olhar insaciável, nossos desabafos do dia, do trabalho, das aulas, as repreensões que na maioria das vezes sou eu quem faço. Detalhes que se prendem à memória e se questionam entre si. Mantendo os pés firmes no chão, e me afagando em seus braços, me encaixando numa posição para me sentir acolhida e confortável enquanto você me abraça e pede com o jeito mais delicado possível pra eu não ir, mesmo soltando a minha mão, me faz querer ir, mas não só ir para outro cômodo, outra sala, outro ambiente, faz querer ir embora, por que a mão que me puxa é a mesma que me empurra. Acho que isso é o que me mantém perto, por que com os poucos contras, temos todos os prós a favor. Tua blusa sempre foi ótima, cheirosa, quentinha, bonita e toda perfumada, mas sempre ficava grande demais em mim, e você fazia questão que eu a usasse, dizendo que ficaria mais perto de mim, mesmo sabendo que clamando por raízes, meu coração ainda possui asas e quer se aventurar.

                                                                       Rafaella Alvez

sexta-feira, 19 de abril de 2013

DEsencontro


A Paulista sempre teve seus encantos, luzes que nunca se apagam e pessoas movimentando as ruas todas as horas do dia ou da noite ... sempre imaginei São Paulo como uma MINI Times Square, e sem tanto glamour, MAS deixa assim. Era um dia frio, e como eu não costumo ficar por lá, quis comer num restaurante. Horário de pico, porque só essa hora se consegue uma mesa em 
algum lugar, enquanto todas as possíveis pessoas estão enraivecidas presas no engarrafamento, que aliás por mais difícil de acreditar, eu também acho bonito.
Gosto tanto de estar entre as pessoas, que não estar me faz mal, e , ali eu sempre me senti acompanhada, mesmo não estando,parecia que cada pessoa ao meu lado dividia sua história com a minha somente num olhar, mesmo que de relance ou até aqueles que não te percebem mas que a pressa une vocês. Me sentia extasiada quando acontecia isso, mas só durava o tempo do sinal 
abrir e pronto, virávamos formigas, pouco ordenadas, tentando não morrer atropeladas, até chegar à outra ponta.
Foi numa dessas que eu entendi que tanto cachecol no frio e câmeras a vista não funcionam muito bem ... poxa, eu sempre fui desastrada, mas não precisava esbarrar no carinha fotógrafo e quase quebrar todo o equipamento dele. Droga!
Até quando se esborracha no chão os olhares se conectam, mesmo que seja um olhar pedindo ajuda para levantar. Foi imediato, me pediu desculpas pela desatenção e fez cara de cachorro abandonado, enquanto eu bancava a dona enfurecida, sai resmungando e pisando duro rumo ao restaurante, parecia criança outra vez. Me apossei de uma mesa e fiz meu pedido, quando vejo o brutamontes que me derrubou materializado na minha frente e pedindo licença já puxando uma cadeira junto a mim. Quanta ousadia! O nosso DEsencontro tinha a trilha sonora da falação de muita gente, por que o lugar estava realmente lotado. E com gente vazando pelas janelas, o atendimento estava realmente muito lento, o que deu brecha para o espertalhão continuar com papos furados e conversas fiadas ... que me tiraram risos, sorrisos (confesso) e ainda descolei uma companhia, minha, só minha ... E quem diria que entre tantos desencontros, esse de maneira mais espalhafatosa, sem dúvidas, foi destinado a me encontrar.

                                                                              Rafaella Alvez


Ps: Sim eu sei que eu sumi, é que agora virei gente grande, trabalho e estudo, viva o/ haha. Mas vou fazer o possível pra não demorar taaaaaanto tempo pra postar aqui ta? haha. Bom esse texto eu fiz especialmente para a minha amiga Isabela Dorta, retratando de uma maneira diferente um acontecimento da vida dela, ta aí amiga, espero que goste *-* Beijos :)

quinta-feira, 14 de março de 2013

Paraíso escuro


Fazia sorrir a entonação da voz dela dizendo que eu estava passando tanto tempo junto de você. Que você "tava em todas". Eu estava realmente me segurando para não escrever sequer uma linha com você no pensamento. Nem tinha tanto motivo aparente para isso, só o conhecimento, o que não é tão grande coisa. É que digitar tudo aqui faz parecer menos brilhante do que é, faz ofuscar qualquer luz que caia sobre nós. Só faz parecer mais importante do que deveria ser, ou o contrário, quem julga sou eu mesmo. Gosto quando não acontece nada. Gosto de encobrir os meus fatos por trás das minhas metáforas mal feitas também. Tinha uma tribo de gente que eu detestava em um lugar pouco cheio da cidade, e me irritava mais fazer e não fazer parte daquilo. Aí eu joguei tudo pro ar e cai exatamente onde deveria. Apesar de ultimamente você estar em todas, não era tudo por você, na verdade era tudo sobre mim, tudo por mim. Eu estava em todas, é só enxergar de uma outra perspectiva, a minha perspectiva de ver as coisas. Relatos me distraem e são pouco convencionais, mas é natural dizer que cappuccinos de universidades realmente decepcionam a gente. E que tem bancos que ficam enfincados na terra, presos com nossos momentos passados lá e que ninguém pode apagar. Eu peguei um óculos torto de um colega e comecei minha leitura, alternando o olhar e 
não entendendo nada que o livro dizia, porque obviamente literatura brasileira exige certa atenção e um dicionário Aurélio do lado, quando se trata de Graciliano, mas eu não tinha nenhum dos dois comigo. Tem pequenas coisas que se sobressaem nas pessoas, e eu realmente ainda não sei o que chama atenção em mim. Mas jogos meus dados, apostando no mistério que os óculos provocam, ou o livro fazendo um charme intelectual, mas o número que eu aposto mais alto é na minha vocação, todo mundo quer se ver escrito num texto meu, quer se encontrar descrito nas minhas linhas atordoadas e meus textos sem sentido aparente. Eu bem que poderia dizer que tudo começou a se encaixar, mas aquele quebra cabeça não era meu ... Eu era peça dele, eu sou um capítulo, faz sentido, por que eu vivo curtos períodos de tempo em cada novela mexicana alheia, mas não posso me enganar o paraíso escuro era meu, o quebra cabeça era eu e o que movia meu mundo era tudo aquilo que eu achava que sumia em mim, mas que no fundo fragmentava tudo aquilo que eu sempre achei que era. E na verdade, eu sou! 

                                                                         Rafaella Alvez



Ps: Oi gente, desculpa a falta de compromisso com o blog, é que esse ano tem aquela coisa de Enem e tem uns 9 livros pra resumo e um monte de matéria chata, então estou postando com menos frequência por falta de tempo mesmo, não abandonei aqui e nem vocês *-*

segunda-feira, 4 de março de 2013

Fitando o que é temido


Eu posso ouvir o barulho do silêncio ecoando por todo meu quarto, onde apenas encontro minha lamparina iluminando a escrita. É um agudo agoniante que surta os ouvidos. São as batidas do meu coração, a sua respiração assonada. A propósito gosto de como fica a sombra da minha silhueta na parede, mesmo me incomodando de leve. Odeio como casas acopladas me permitem ouvir ruídos madrugada a fora, o que me faz custar pegar no sono. Eu já estava me irritando com a decoração do meu quarto. E me irritava mais ainda você fazer parte dela, como o mais valioso tesouro ali dentro, que eu possuía e não possuía. O mundo estava caindo lá fora, mas aqui dentro tudo estava queimando como fogo ao redor do meu coração. Anoitecia em Porto Alegre, quando me transformei na filosofia em brasa, olhando teus lábios. Forcei um sorriso amigável, mas meu olhar denunciava minh'alma, e minhas mãos me traiam tanto quanto. O contrário seria o oposto do seu olhar pareando com o meu. Equilibrando a harmonia dos ventos, apostando no dia em que pudéssemos ser apenas dois viajantes no tempo, tendo o mundo numa ampulheta eterna, guardada no bolso do meu casaco folgado. Mas meu bem, por hora a dúvida é a única resposta que eu posso fazer valer a pena.

                                                                           Rafaella Alvez

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Não tenho o dom


Capitão jogou seus sentimentos no mar, quis afogá-los, quando avistou uma pequena embarcação ao longe e fez seu marujo ir verificar. Se tratavam de olhos escuros como a noite, pele fria como a água e cabelos cintilantes feito o sol. Capitão era mal amado, porém acolheu a pobre moça cujo barco havia afundado. Se encantou logo a primeira vista. Naquela noite o mar estava calmo então decidiram navegar em direção ao oriente. Agora em alto mar, o tic-tac do relógio parecia mais forte e compulsivo. De maneira espantosa as mãos do Capitão tremiam e seu coração acelerava de maneira que fazia sua testa umedecer. A menina provocava certa sensação. Quem sabe o que estava acontecendo?! Doutro canto do cás estava ela, com seu vestido branco solto, fazendo surtir tal efeito no velho homem.Caminhando suavemente em sua direção, a atraente moça o envolveu num forte abraço e nos seus ouvidos tranquilamente deixou desabrochar seu canto. Levando não apenas o marujo enfeitiçado e o barco, mas também seu Capitão com coração ainda quente, mar abaixo, a sereia carregou mais umas vidas para sua coleção penosa, com a tentativa desesperada de nunca se manter sozinha, num mar tão cheio de ilusões.

                                                                           Rafaella Alvez

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O lado escuro da luz


O que restava dela já não era bonito, dentro estava opaco. Ela era conhecida como a durona que iludia e quebrava corações.Fez jus do que a taxavam e desde então ninguém que quisesse ser magoado chegava tão perto da menina desalmada. Não havia cura, não que ela quisesse saber, era boa aquela sensação de não poder sofrer. Já não havia mais sofrimentos, todos foram soterrados com aquela quem ja fora um dia. A sombra de sua silhueta ficava bonita na parede bege, mas a luminária falhava atrapalhando o pouco de prazer que ainda restava dentro de si ao observar aquilo. A solidão sempre foi sua fiel companheira, nunca negando seu ombro. Virou rotina pisotear nas opiniões alheias e se importar unicamente com a sua, nada mais importava e tudo que lhe restava era mostrar ao mundo seu novo eu. Tinha rosto de porcelana, era um tipo de beleza rara, sua pele era gelada e bronzeada de leve,a boca bem delineada. Seus cabelos eram negros assim como seus olhos penetrantes e tão profundos. Era do tipo de pessoa fechada e misteriosa, chamava a atenção quieta, escondida por trás de seus pensamentos perturbados. Maldade era uma bela definição para o que a comandava. Menina moça, futuro promissor e visão aberta para o mundo... Quem a olhava não via nada de errado, quem a sorria perdia o riso para sempre dentro dela. Sua visão era torpe e preto e branco. Dormiu com planos insignificantes, noite de tormentas, pesadelos, e fantasias. Acordou brilhando idéias, colocou sua 
auréola, mascarou o sorriso e foi vingar seus dias infelizes. 

                                                                             Rafaella Alvez

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Azul

Eu sempre achei bonita a combinação do azul com o preto. Do verde com o preto. Mas sempre dei prioridade ao branco e preto. É como o inverno, galhos e neve. É o jeito que o floco se envolve no caule da flor e derrete, dura o tempo necessário para ser bom e depois se vai com um pouco de vento frio, que oferece uma xícara de chocolate quente e uma lareira. O cenário é lindo, mas a solidão aproveita a oportunidade e senta na poltrona ao lado e me faz companhia. O livro já nem fazia mais sentido, porque era tão mais lindo ouvir o fogo estalando. A solidão não era uma companhia agradável, então um telefonema resolveu tudo. Pronto, ja tinha meu azul com preto ali comigo. E foi bom, foi um frio bom. Eu gosto do jogo de palavras, eu gosto das suas palavras, da sua voz. De como soa a sua voz ao pé do meu ouvido enquanto me envolve nos teus braços. Aquele seu jeito quando diz que entre a gente vale tudo, fica tão significativo vindo de você. O céu tava escuro suficiente para as estrelas brilharem ainda mais, algumas nuvens cobriam a lua e a música que eu ouvia era a sua respiração e as batidas do seu coração. Eu quis evitar estar tão perto, não queria que você se assustasse com as batidas sufocadas do meu. Não teve jeito, e você ia descobrir mesmo. A lua apareceu e você teve que ir embora, mas eu não queria que fosse, tava tão frio para ficarmos afastados. Pela última vez naquele dia, olhei nos teus olhos tão marcantes, selei com um beijo e te vi diminuindo ao fim da minha rua. Com um sorriso de canto, resmungou uma volta. O frio que me consome me liberta!

                                                                   Rafaella Alvez

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Você

O tempo virou de repente, e se transformou numa tempestade. Mas foi legal estar com você enquanto isso acontecia. Seu corpo quente, aquecia o meu enquanto nos refugiávamos numa lanchonete no meio da cidade. Enfim chegamos na minha casa ainda embaixo daquela chuva e com frio. Banho quente foi a primeira alternativa mas seria vago demais pra nós dois, que sempre fugimos do comum. Por que não cozinhar alguma coisa só de roupa de baixo? Enquanto eu ponho a mesa você escolhe o cardápio, disse ele com os lábios quase roxos de frio. A janta foi um misto do que encontramos na geladeira, e a gororoba ficou boa, porque você quem fez, e todo mundo sabe que você é melhor na cozinha do que eu. Eu que normalmente gosto do som com o volume máximo estava apreciando o silêncio na casa, interrompido com os seus risos fora de hora, ou os meus espirros ridículos que você insiste em dizer que são bonitinhos. A vida fica bonita com você me acompanhando. E como era bom você estar lá me abraçando quando trovejava e eu parecia um bichinho assustado, como é confortante te ter pra me acalmar, me colocar nos seus braços milimetricamente para que eu me sentisse protegida de qualquer barulho. Eu não consigo esconder, mas seus olhos ficavam cada vez mais lindos, a cada relâmpago que eles se iluminavam nos meus, me fazia te sentir tão meu. Meu amigo, meu companheiro, meu protetor, meu amor. É que eu me recusei a por meia três vezes só para te ouvir preocupado comigo, você é tão terno que me faz sentir quase que na obrigação de te agradecer por cada minuto. Nossa cama estava feita e satisfeitos a desfizemos, o cobertor ardia em brasa seguindo cada devaneio que nos passasse pela cabeça. Você sempre soube que o seu jeito me cativou desde o início. O teto virou céu, e depois de toda aquela tempestade que durou quase que a noite toda, ficou estrelado. E deitado no meu peito, você quis contar as estrelas e a nossa história. E já nascendo o sol fervorosamente, um beijo de bons sonhos foi selado e adormecemos um nos braços do outro.

                                                                        Rafaella Alvez

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Xiu, é segredo.


A grande verdade é que ... você vai ter que me descobrir. É, isso é uma trégua, uma pausa, ou qualquer nome que você deseje chamar. Talvez voce me surpreenda mais que o normal, me faça rir só ao me olhar. É que pra falar a verdade, eu não posso te explicar minhas reações a tudo e nem quero. Você vai me descobrir e redescobrir usando a fórmula que julga ser mais certa pra isso. Por que sinceramente eu sei que você faz isso melhor que eu. Eu aprendi que as nossas digitais não se apagam na vida das pessoas em que nós tocamos, também levei em conta de que as almas gêmeas nunca morrem, e mesmo soando um tanto quanto estranho eu queria poder te sentir como a minha alma gêmea, e poder sentir o seu toque no meu braço outra vez. Na verdade tenho um fascínio pelo novo e o de novo. Quero tudo novo de novo. Quero um novo toque da sua pele na minha, mas quero de novo. Eu e você somos uma vida sem frescura como diz naquela música antiga. Eu quero prender esse momento, engarrafá-lo. É tão afável. É o meu eu, precisando encontrar o seu. É uma simetria, eu e você. Mesmo ainda não conseguindo ser "nós", por que ultimamente nós vem sendo uma palavra que se prende como tal. Já dizia Mario, que quando isso acontece, já se deixou de ser laço. Quero preservar o nosso laço, te enlaçar no meu abraço quem sabe. É tão pura a nossa amizade. tão bonita, parece que tem tanto tempo. Eu estou escondida nos seus acordes, esperando pra saltar a qualquer momento. Se prepara pra explosão de me ter na sua vida.

                                                                       Rafaella Alvez

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Almas calejadas e brilhantes


Eu tinha me reinventado. Pedi um pedaço de torta de limão, daquelas enjoativas. Por isso também me servi de café, quase amargo. O contraste cai bem. Junto com o meu pedido veio um pouco de você, um sache com o gosto dos seus lábios. Derretido no café, me saboreei. Fazia frio e chovia. Tava bonita a vista dali onde eu me encontrava. Mas eu tinha muita coisa para fazer pra poder me preocupar com a paisagem. Logo comecei a escrever a minha matéria, e ainda no início o celular começa a tocar com o número restrito. Odeio restrição de identidade, logo não atendi. No inverno as pessoas ficam tão bem vestidas, que acho que o verão tem um pouco de inveja. Pensei alto. Eu sei que deveria estar trabalhando, e não tomando café e pensando em sentimento das estações, mas é tão difícil me concentrar. Sem café sem inspiração. Aquele lugar não era muito bom de atendimento, então fui me servir novamente. Droga, odeio usar um monte de coisas no frio porque sempre me distraio  como agora. Odeio enroscar o cachecol nas coisas. Nunca consegui fazer as coisas no silêncio, muito menos escrever, acho que o barulho, as pessoas, e o jeito como as coisas correm enquanto estou com um papel na mão sempre são bem mais aproveitados. De alma e coração blindados me escondi na mesa de canto e continuei o que tava fazendo, agora com um pouco de mais atenção e café. Calculei que já havia gasto um bom tempo ali naquele lugar. Achei que depois de tanto trabalho devia me deliciar numa poltrona de cinema com um filme legal, te liguei pra ir comigo, acho que você não deve ter ouvido o celular. Mas cá entre nós, eu não to com tempo para achismos a essa altura do campeonato. Fui mesmo sozinha. Assisti meu filme, jantei num fast food, peguei meu carro no estacionamento, comprei um sorvetinho e fui pra casa. Celular + bolsa + som desligado = 4 chamadas perdidas suas e quando cheguei em casa, voce plantado no meu portão com uma garrafa de vinho, daquela que eu mais gosto. Caceei minha vontade dos teus lábios nos meus, de estar nos seus braços e de me deliciar com uma taça de vinho enquanto discutimos as músicas de qualquer cantor barato por aí. Cada momento foi bem aproveitado, até aqueles seus beijos embriagados eu aproveitei bem. Sexta a noite é hora de se divertir, ainda mais quando se tem a pessoa certa pra passar o sábado sem fazer nada com você. Ah qual é? Deixa eu escrever a história do meu jeito e ao meu gosto.

                                                                       Rafaella Alvez

Sobreviventes do amor

A cidade estava quieta aquela noite, e eu prestes a colidir com qualquer coisa que viesse na minha direção. Tinha um crepúsculo lindo que me encantou de um jeito extraordinário. Engenheiros estava ecoando na casa inteira em um som alto suficiente para que os vizinhos idiotas, ligassem para a polícia. Tão alto que mal pude ouvir o motoboy chegando com a minha comida. Não me dei ao trabalho nem de desembrulhar o pacote e comi ali mesmo, com meus super hashis. Comida japonesa sempre me faz sentir bem. Como o desastre não abre mão de mim, é claro que derrubei macarrão no meu pijama, mas nem me importei. Logo estava no banho, agora cantarolando Elvis. Eu me sentia apaixonada, pelo clima frio que se apresentava aos poucos entrando de fininho pela janela. O jeito como tudo estava intenso. Dom Quixote tocava alto e me fazia dançar pela sala com meu pote de sorvete nas mãos. A leveza me consumia e eu queria apenas continuar assim. Vesti minhas pantufas e fui olhar o céu estrelado, quando ele me ligou. Ligação barata! Acabei convidando-o pra vir até aqui assistir um filme qualquer na tv a cabo, ou ouvir algumas das minhas músicas prediletas. Qualquer desculpa servia, eu só queria mesmo era uma companhia para poder partilhar daquele sentimento que me consumia inteiramente por dentro e por fora. Em questão de minutos a campainha tocava e eu não ficaria mais só. Vimos fotos rindo de como eu era desengonçada quando criança. Li algumas das minhas citações favoritas pra ele, que com toda paciência do mundo me ouvia. Afinal, a noite estava tão boa pra ser desperdiçada. Quando ele perguntou se podia ficar, e sem hesitar eu consenti  Espalhei meu colchão pela sala de joguei vários travesseiros e cobertores. A noite foi espetacular, com voce aqui me mimando cada dia mais. Mas agora amanheceu, e sim é hora de voce partir, nos vemos novamente num futuro não tão distante meu bem.  Obrigada por me amar de um jeito que nenhum outro faria.

                                                                            Rafaella Alvez

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Meu riso

Era a vez de rimar a vida. Pelos meus olhos amendoados escorreram lágrimas lindas, todas puras, saíram junto qualquer vestígio de infelicidade encontrada ali dentro. Pingavam no chão e eram pisoteadas pelas rimas desastrosas. Quase escorreguei no banheiro tentando um agudo, cai no riso. Fechei meus olhos depois de um filme de terror enquanto ensaboava os cabelos encaracolados, me senti criança e cai no riso. Ê esse meu riso frouxo, desabrochando ... Era menina moça, tinha bochechas coradas e se desconcertou quando o palhaço equilibrista brilhou os olhos nos seus, caiu no riso. Eu rimava meu riso no seu, eu costurei seu sorriso no meu, meu coração bateu no mesmo compasso que acompanhava o seu. Chorei seu choro, sorri seus lábios, brilhei os olhos que visavam a terna paisagem, só de passagem. Choveu a chuva e gotejou do teto na minha cabeça, gotejei de volta, revidei a chuva e sai pra dançar, cai no riso. Brinquei no balanço do parque quando chegou a noite, sorri pra lua e ela me presenteou cobrindo o escuro do céu com as suas mais preciosas estrelas, cai do riso. Rir, sorrir, agir, fugir, persistir. Nossos sorrisos costurados estavam travando meu riso, meu riso é frouxo, é solto, é o desabrochar ... Seu sorriso no meu, travava meu riso solto no mundo, mesmo meu mundo sendo o seu, meu sorriso alinhado ao teu não faria o trabalho do meu, rindo de leve pro seu. Sua falta de riso fez fugir o meu. Meu riso era seu, meu sorriso era seu, meu mundo era seu, meu desabrochar era seu. O mar preencheu meu olhar, fugiu com ele a bailar e quem devolveu foi o sol, querendo de volta o seu mar, amar, cuidar. Sumiu meu riso, chorei meu riso perdido, procurei, tentei, sufoquei e gritei. Quero meu riso. Fui rimar a vida, sem riso ela fica sem graça. Cadê meu riso, pra me fazer cair no riso? Por sentir falta do aconchego de tê-lo pra rir, sorrir, e qualquer coisa que rime com ir, pelo mundo a fora. Quero meu riso. Riso frouxo, riso solto, riso ... só riso, só isso. Quero meu riso. Fugi e descobri, desabrochou! Segui o mapa e achei, aquele bandido que não ria, nem sorria, roubou meu riso. Corri, encontrei meu riso, sendo usado pra sorrir, rir e encantar a menina da capa colorida e chapéu bonito do outro lado da calçada. Sofri, quis fugir, mas persisti, quero meu riso! Descosturei meu sorriso do seu, de linha virou retalho, te exclui do meu baralho. Quero meu riso e não saio sem ele daqui. Não rimo mais meu riso no seu, nem costuro meu sorriso no seu, nem quero seu coração no mesmo ritmo do meu, roubou meu riso, tirou meu sono, sofri a vida e o abandono. Meu riso é meu, meu sorriso é meu, meu mundo é meu, meu desabrochar é meu. Sorri solto e frouxo, desabrochei e cai no riso, rimei a vida fazendo do meu riso o início e não a partida. Cai no riso.
                                                               Rafaella Alvez 

domingo, 13 de janeiro de 2013

Carta as pressas


Meu querido Evan, escrevo-lhe esta carta com todo o meu coração. Peço que entenda o que estou sentindo, ou pelo menos tente, por mim. Hoje, exatamente hoje, fazem dezessete primaveras desde que nos vimos pela última vez. Sinto que falta um pedaço de mim desde então. Caso não se lembre, tu me prometestes o mundo, recorda-te agora? Tu detonaste o meu, mal sabendo que ja o habitava, é triste nossa história. Imagine como me sinto neste momento. Quero que saibas que regressei a cidade. Outrora passei perto daquela fonte, sim aquela que costumávamos nos encontrar todas as tardes, vi outros jovens sentados onde nós ficávamos  sentei-me ao longe e fiquei por observá-los. Senti-me jovem novamente, pude sentir o vento trazendo-me a memória o cheiro de seu suor doce de garoto. Eu sempre soube que fugir não era boa coisa, pois me colocaram doutro lado do mundo por tanto tempo, e agora cá estou a escrever-te e por morrer de saudades tuas. Queria eu estar agora escondida por entre as parreiras que nos perdíamos quando nossos pais estavam a nos procurar. Queria eu agora estar a cuidar de ti. Queria eu tanta coisa neste mísero minuto ingrato. 
Hoje tu serias meu maior companheiro, talvez se não estivéssemos tão longe, mesmo estando tão perto.  Somar a distancia ao tempo não gera um resultado muito proveitoso. Não nesse caso. Agora estou velha e minha lucidez só serve para me lembrar do quanto nós eramos felizes. Evan meu bem, fui levada muito cedo e sem delongas para me despedir de ti, quero poder explicar-lhe e desejo que tu me entenda, mais uma vez. Eu não sumi, eu não o deixei, eu não queria nada disso. Eu fui levada a força, carregaram-me para longe de ti mas meu coração ainda continuava a bater bem perto. Sempre quis que a criação de uma criança que sempre planejamos, pudesse desfrutar de um pai presente. Miguel não pode. Sim meu querido, Miguel. Como tu dizias que gostava. E assim concedi-lhe o pedido. Meus pais nunca nos aceitaram e também não foram cordiais quando souberam de minha gravidez, ainda mais de um filho teu. Então fugimos, eu mais Miguel. Conto-lhe da nossa história desde muito pequenino, e seu sonho era encontrar o pai. Cá estamos a sua procura. Espero poder encontrar-lhe no lugar de sempre, na hora de sempre, e agora com o nosso filho.
Miguel desde então tens sido belo filho, apesar de grandes contra-tempos que nos ocorreu. Evan, meu grande amor, queria pode reescrever-te tal carta, mas prefiro a folha ja amaçada e um tanto amarelada, para que tu saibas que ja se passaram anos e que estamos juntos e como uma família, como tu desejaste, como eu desejei, e como Miguel também desejou. Alzheimer não é uma doença fácil de se tratar, e tu não andas se recuperando com os remédios, e os doutores estão a desistir de ti. Mas o nosso amor é grande e não vai nos deixar abandonar uma vida. Evan, eu te amo. Com amor, de sua esposa Iolanda. 

                                                                      Rafaella Alvez

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

As vezes se surpreender não é tão ruim

Eu sempre achei incrível poder escrever sobre as quatro estações e retratá-las de forma espetacular nos meus textos de garota. Mas hoje resolvi pintá-las, inciei meu quadro com um borrão de tinta alaranjado, joguei um pouco de amarelo e derrubei umas gotinhas em vermelho, e aquilo era o meu outono em brasa! Noutro canto retratei exatamente como são os mais belos flocos de neve que pude me lembrar das viagens que fiz, um pouco de azul e um bocado de branco e o meu inverno estava representado, quase que me fazendo sentir um pouco de frio. Misturei o rosa, o marrom, um tiquinho do verde e uma gotícula minuscula do amarelo e ali surgiu a tão famosa primavera, fazendo então em mim desabrochar a flor que estava prestes a ir buraco a baixo. Havia um espacinho em branco ainda no meu quadro, faltando uma pintura e uma estação, eu estava a preencher a lacuna, pretendia borrar um pouco das cores que usei no outono, e usar algumas cores que eu ainda não fazia idéia. Quando a porta bateu fortemente na cozinha. Com o meu macacão de pintura todo sujo de tinta, e os pincéis nos grandes bolsos, saí depressa com um deles na boca e outro na mão, cabelo desajeitado e descalça. Não era nada, além do vento. Agora tomava água observando a vista da janela da cozinha, me parabenizando mentalmente por ter feito tal escolha, quando ouço um ruído vindo das escadas. Um pouco desconfiada, subo devagar e ouço rangidos no chão de madeira, entrando no longo corredor, vejo algumas pétalas de margaridas, bem semelhantes as pétalas de girassóis, mas eram de margaridas, eu saberia diferenciar em qualquer lugar, mesmo longe. Curiosa, ouço uma música baixa e lenta vindo do último quarto. Esse momento foi assustador e instigador, aquele quarto era vazio, aliás, eu só usava para pendurar meus quadros, que cobriam quase que todas as paredes do cômodo. Entrando desconfiada, encontro meu espelho um pouco a frente da entrada da porta. Me observando do banheiro, pude ver seu reflexo se aproximando de mim, e senti-lo me abraçar cochichando ao meu ouvido, enquanto tremia. Me fez parar no centro do quarto, e colocou o espelho a nossa frente, e pediu-me delicadamente, ainda me abraçando forte e tremendo, que pintasse nós dois juntos, na situação que nos encontrávamos, e sendo mais abusado ainda, pediu-me que depois fizesse uma história para aqueles que eu pintaria. Me deu um beijo doce. Com seus olhos ternos e decididos disse que realizaria a história dos dois jovens do quadro. Aprendi naquele verão, a não desperdiçar tinta, e pintar o necessário, e você me ensinou a pintar a nossa história. 

                                                                    Rafaella Alvez

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Tudo novo de novo


Com o quarto escuro eu escrevia com um fio de luz vindo do computador onde ele estava, era difícil enxergar as linhas assim. A cama estava apertada e o clima quente. É que no escuro tudo tem jeito mais perigoso, mais cativante, causa adrenalina, fazendo ferver o sangue dentro do corpo, arfando a voz da persuasão vai sussurrando leve e intrigante-mente ao pé do seu ouvido. É que as vezes uma boa xícara de café, numa cadeira de balanço aconchegante cai bem, e a chuva vem a calhar. Era o seu sorriso tímido e a pose desconcertada em frente ao piano que me cativava ainda mais. O único problema é que você não sabia disfarçar os olhos ... justo os olhos! Seu sorriso vinha na minha direção e isso bastava para que eu me sentisse ali com você. Se o silêncio preencher minhas linhas, eu sei que posso descrevê-lo como o herói que fragmenta cada texto meu. Eu desejava que não houvesse gravidade, nem o relógio cronometrando qualquer tempo que ainda nos reste. 
Eu acho bonito quando te escondo por trás de algum texto meu, acho bonito por que depois quando me perco lendo-os eu te vejo em cada traço da minha caligrafia torta. O escuro deixa o quarto agora, e eu apago aquela minha vela perfumada, aquela que você nunca nem ouviu falar. Escrevo evasivamente e te faço meu escudo, o tempo chuvoso me agrada. E eu apenas queria você aqui me fazendo companhia. Era da sua voz que eu sentia sede, eram dos teus olhos, do teu sorriso. Mantenha-se forte eu repetia. Era como os seus dedos percorriam com delicadeza e ousadia as teclas brancas e pretas, e me prendia tanto a atenção. Em grande façanha, você me ganha, assanha, acompanha. Entranhado nos meus pensamentos, você não sai, não dá sossego, não peço por desapego. Os fogos de artificio cessavam todo e qualquer silêncio que predominava o ambiente, e naquele momento eu realmente pude sentir que como último dia do ano, o tempo estava me desejando sorte com o próximo. E quando aquele brilho colorido irradiou o céu escuro, eu pude realmente ter toda a convicção de que coisas memoráveis e indescritíveis eu estaria por viver. E sem mais delongas eu te inclui nisso!

                                                                       Rafaella Alvez

Ps: Estou adorando colocar ps's nos últimos textos né, hahaha! Enfim, quero mesmo é dizer que espero que o ano de vocês tenha começado tão bom e em grande estilo quanto o meu. Happy New Year Guys ;)