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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Não tenho o dom


Capitão jogou seus sentimentos no mar, quis afogá-los, quando avistou uma pequena embarcação ao longe e fez seu marujo ir verificar. Se tratavam de olhos escuros como a noite, pele fria como a água e cabelos cintilantes feito o sol. Capitão era mal amado, porém acolheu a pobre moça cujo barco havia afundado. Se encantou logo a primeira vista. Naquela noite o mar estava calmo então decidiram navegar em direção ao oriente. Agora em alto mar, o tic-tac do relógio parecia mais forte e compulsivo. De maneira espantosa as mãos do Capitão tremiam e seu coração acelerava de maneira que fazia sua testa umedecer. A menina provocava certa sensação. Quem sabe o que estava acontecendo?! Doutro canto do cás estava ela, com seu vestido branco solto, fazendo surtir tal efeito no velho homem.Caminhando suavemente em sua direção, a atraente moça o envolveu num forte abraço e nos seus ouvidos tranquilamente deixou desabrochar seu canto. Levando não apenas o marujo enfeitiçado e o barco, mas também seu Capitão com coração ainda quente, mar abaixo, a sereia carregou mais umas vidas para sua coleção penosa, com a tentativa desesperada de nunca se manter sozinha, num mar tão cheio de ilusões.

                                                                           Rafaella Alvez

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O lado escuro da luz


O que restava dela já não era bonito, dentro estava opaco. Ela era conhecida como a durona que iludia e quebrava corações.Fez jus do que a taxavam e desde então ninguém que quisesse ser magoado chegava tão perto da menina desalmada. Não havia cura, não que ela quisesse saber, era boa aquela sensação de não poder sofrer. Já não havia mais sofrimentos, todos foram soterrados com aquela quem ja fora um dia. A sombra de sua silhueta ficava bonita na parede bege, mas a luminária falhava atrapalhando o pouco de prazer que ainda restava dentro de si ao observar aquilo. A solidão sempre foi sua fiel companheira, nunca negando seu ombro. Virou rotina pisotear nas opiniões alheias e se importar unicamente com a sua, nada mais importava e tudo que lhe restava era mostrar ao mundo seu novo eu. Tinha rosto de porcelana, era um tipo de beleza rara, sua pele era gelada e bronzeada de leve,a boca bem delineada. Seus cabelos eram negros assim como seus olhos penetrantes e tão profundos. Era do tipo de pessoa fechada e misteriosa, chamava a atenção quieta, escondida por trás de seus pensamentos perturbados. Maldade era uma bela definição para o que a comandava. Menina moça, futuro promissor e visão aberta para o mundo... Quem a olhava não via nada de errado, quem a sorria perdia o riso para sempre dentro dela. Sua visão era torpe e preto e branco. Dormiu com planos insignificantes, noite de tormentas, pesadelos, e fantasias. Acordou brilhando idéias, colocou sua 
auréola, mascarou o sorriso e foi vingar seus dias infelizes. 

                                                                             Rafaella Alvez

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Azul

Eu sempre achei bonita a combinação do azul com o preto. Do verde com o preto. Mas sempre dei prioridade ao branco e preto. É como o inverno, galhos e neve. É o jeito que o floco se envolve no caule da flor e derrete, dura o tempo necessário para ser bom e depois se vai com um pouco de vento frio, que oferece uma xícara de chocolate quente e uma lareira. O cenário é lindo, mas a solidão aproveita a oportunidade e senta na poltrona ao lado e me faz companhia. O livro já nem fazia mais sentido, porque era tão mais lindo ouvir o fogo estalando. A solidão não era uma companhia agradável, então um telefonema resolveu tudo. Pronto, ja tinha meu azul com preto ali comigo. E foi bom, foi um frio bom. Eu gosto do jogo de palavras, eu gosto das suas palavras, da sua voz. De como soa a sua voz ao pé do meu ouvido enquanto me envolve nos teus braços. Aquele seu jeito quando diz que entre a gente vale tudo, fica tão significativo vindo de você. O céu tava escuro suficiente para as estrelas brilharem ainda mais, algumas nuvens cobriam a lua e a música que eu ouvia era a sua respiração e as batidas do seu coração. Eu quis evitar estar tão perto, não queria que você se assustasse com as batidas sufocadas do meu. Não teve jeito, e você ia descobrir mesmo. A lua apareceu e você teve que ir embora, mas eu não queria que fosse, tava tão frio para ficarmos afastados. Pela última vez naquele dia, olhei nos teus olhos tão marcantes, selei com um beijo e te vi diminuindo ao fim da minha rua. Com um sorriso de canto, resmungou uma volta. O frio que me consome me liberta!

                                                                   Rafaella Alvez

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Você

O tempo virou de repente, e se transformou numa tempestade. Mas foi legal estar com você enquanto isso acontecia. Seu corpo quente, aquecia o meu enquanto nos refugiávamos numa lanchonete no meio da cidade. Enfim chegamos na minha casa ainda embaixo daquela chuva e com frio. Banho quente foi a primeira alternativa mas seria vago demais pra nós dois, que sempre fugimos do comum. Por que não cozinhar alguma coisa só de roupa de baixo? Enquanto eu ponho a mesa você escolhe o cardápio, disse ele com os lábios quase roxos de frio. A janta foi um misto do que encontramos na geladeira, e a gororoba ficou boa, porque você quem fez, e todo mundo sabe que você é melhor na cozinha do que eu. Eu que normalmente gosto do som com o volume máximo estava apreciando o silêncio na casa, interrompido com os seus risos fora de hora, ou os meus espirros ridículos que você insiste em dizer que são bonitinhos. A vida fica bonita com você me acompanhando. E como era bom você estar lá me abraçando quando trovejava e eu parecia um bichinho assustado, como é confortante te ter pra me acalmar, me colocar nos seus braços milimetricamente para que eu me sentisse protegida de qualquer barulho. Eu não consigo esconder, mas seus olhos ficavam cada vez mais lindos, a cada relâmpago que eles se iluminavam nos meus, me fazia te sentir tão meu. Meu amigo, meu companheiro, meu protetor, meu amor. É que eu me recusei a por meia três vezes só para te ouvir preocupado comigo, você é tão terno que me faz sentir quase que na obrigação de te agradecer por cada minuto. Nossa cama estava feita e satisfeitos a desfizemos, o cobertor ardia em brasa seguindo cada devaneio que nos passasse pela cabeça. Você sempre soube que o seu jeito me cativou desde o início. O teto virou céu, e depois de toda aquela tempestade que durou quase que a noite toda, ficou estrelado. E deitado no meu peito, você quis contar as estrelas e a nossa história. E já nascendo o sol fervorosamente, um beijo de bons sonhos foi selado e adormecemos um nos braços do outro.

                                                                        Rafaella Alvez

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Xiu, é segredo.


A grande verdade é que ... você vai ter que me descobrir. É, isso é uma trégua, uma pausa, ou qualquer nome que você deseje chamar. Talvez voce me surpreenda mais que o normal, me faça rir só ao me olhar. É que pra falar a verdade, eu não posso te explicar minhas reações a tudo e nem quero. Você vai me descobrir e redescobrir usando a fórmula que julga ser mais certa pra isso. Por que sinceramente eu sei que você faz isso melhor que eu. Eu aprendi que as nossas digitais não se apagam na vida das pessoas em que nós tocamos, também levei em conta de que as almas gêmeas nunca morrem, e mesmo soando um tanto quanto estranho eu queria poder te sentir como a minha alma gêmea, e poder sentir o seu toque no meu braço outra vez. Na verdade tenho um fascínio pelo novo e o de novo. Quero tudo novo de novo. Quero um novo toque da sua pele na minha, mas quero de novo. Eu e você somos uma vida sem frescura como diz naquela música antiga. Eu quero prender esse momento, engarrafá-lo. É tão afável. É o meu eu, precisando encontrar o seu. É uma simetria, eu e você. Mesmo ainda não conseguindo ser "nós", por que ultimamente nós vem sendo uma palavra que se prende como tal. Já dizia Mario, que quando isso acontece, já se deixou de ser laço. Quero preservar o nosso laço, te enlaçar no meu abraço quem sabe. É tão pura a nossa amizade. tão bonita, parece que tem tanto tempo. Eu estou escondida nos seus acordes, esperando pra saltar a qualquer momento. Se prepara pra explosão de me ter na sua vida.

                                                                       Rafaella Alvez

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Almas calejadas e brilhantes


Eu tinha me reinventado. Pedi um pedaço de torta de limão, daquelas enjoativas. Por isso também me servi de café, quase amargo. O contraste cai bem. Junto com o meu pedido veio um pouco de você, um sache com o gosto dos seus lábios. Derretido no café, me saboreei. Fazia frio e chovia. Tava bonita a vista dali onde eu me encontrava. Mas eu tinha muita coisa para fazer pra poder me preocupar com a paisagem. Logo comecei a escrever a minha matéria, e ainda no início o celular começa a tocar com o número restrito. Odeio restrição de identidade, logo não atendi. No inverno as pessoas ficam tão bem vestidas, que acho que o verão tem um pouco de inveja. Pensei alto. Eu sei que deveria estar trabalhando, e não tomando café e pensando em sentimento das estações, mas é tão difícil me concentrar. Sem café sem inspiração. Aquele lugar não era muito bom de atendimento, então fui me servir novamente. Droga, odeio usar um monte de coisas no frio porque sempre me distraio  como agora. Odeio enroscar o cachecol nas coisas. Nunca consegui fazer as coisas no silêncio, muito menos escrever, acho que o barulho, as pessoas, e o jeito como as coisas correm enquanto estou com um papel na mão sempre são bem mais aproveitados. De alma e coração blindados me escondi na mesa de canto e continuei o que tava fazendo, agora com um pouco de mais atenção e café. Calculei que já havia gasto um bom tempo ali naquele lugar. Achei que depois de tanto trabalho devia me deliciar numa poltrona de cinema com um filme legal, te liguei pra ir comigo, acho que você não deve ter ouvido o celular. Mas cá entre nós, eu não to com tempo para achismos a essa altura do campeonato. Fui mesmo sozinha. Assisti meu filme, jantei num fast food, peguei meu carro no estacionamento, comprei um sorvetinho e fui pra casa. Celular + bolsa + som desligado = 4 chamadas perdidas suas e quando cheguei em casa, voce plantado no meu portão com uma garrafa de vinho, daquela que eu mais gosto. Caceei minha vontade dos teus lábios nos meus, de estar nos seus braços e de me deliciar com uma taça de vinho enquanto discutimos as músicas de qualquer cantor barato por aí. Cada momento foi bem aproveitado, até aqueles seus beijos embriagados eu aproveitei bem. Sexta a noite é hora de se divertir, ainda mais quando se tem a pessoa certa pra passar o sábado sem fazer nada com você. Ah qual é? Deixa eu escrever a história do meu jeito e ao meu gosto.

                                                                       Rafaella Alvez

Sobreviventes do amor

A cidade estava quieta aquela noite, e eu prestes a colidir com qualquer coisa que viesse na minha direção. Tinha um crepúsculo lindo que me encantou de um jeito extraordinário. Engenheiros estava ecoando na casa inteira em um som alto suficiente para que os vizinhos idiotas, ligassem para a polícia. Tão alto que mal pude ouvir o motoboy chegando com a minha comida. Não me dei ao trabalho nem de desembrulhar o pacote e comi ali mesmo, com meus super hashis. Comida japonesa sempre me faz sentir bem. Como o desastre não abre mão de mim, é claro que derrubei macarrão no meu pijama, mas nem me importei. Logo estava no banho, agora cantarolando Elvis. Eu me sentia apaixonada, pelo clima frio que se apresentava aos poucos entrando de fininho pela janela. O jeito como tudo estava intenso. Dom Quixote tocava alto e me fazia dançar pela sala com meu pote de sorvete nas mãos. A leveza me consumia e eu queria apenas continuar assim. Vesti minhas pantufas e fui olhar o céu estrelado, quando ele me ligou. Ligação barata! Acabei convidando-o pra vir até aqui assistir um filme qualquer na tv a cabo, ou ouvir algumas das minhas músicas prediletas. Qualquer desculpa servia, eu só queria mesmo era uma companhia para poder partilhar daquele sentimento que me consumia inteiramente por dentro e por fora. Em questão de minutos a campainha tocava e eu não ficaria mais só. Vimos fotos rindo de como eu era desengonçada quando criança. Li algumas das minhas citações favoritas pra ele, que com toda paciência do mundo me ouvia. Afinal, a noite estava tão boa pra ser desperdiçada. Quando ele perguntou se podia ficar, e sem hesitar eu consenti  Espalhei meu colchão pela sala de joguei vários travesseiros e cobertores. A noite foi espetacular, com voce aqui me mimando cada dia mais. Mas agora amanheceu, e sim é hora de voce partir, nos vemos novamente num futuro não tão distante meu bem.  Obrigada por me amar de um jeito que nenhum outro faria.

                                                                            Rafaella Alvez