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sábado, 25 de maio de 2013

devaneios alheios

Eu queria cumprimentá-lo, mas não era no rosto o beijo que eu queria dar. E o abraço que eu desejava era forte e compromissado, sem ninguém para cessar minha confiança de estar ali.É que para um escritor o pouco é muito ... Um gole de chá, uma xícara de café enquanto chove lá fora e o ar condicionado faz mal para garganta aqui dentro.
A caneta numa mão, e a xícara na outra, seu namorado dormindo e você indo cobri-lo com todo o afeto que pode depositar naquele cobertor e ouvir um: deita um pouco aqui comigo vai! E ceder a voz embriagada de sono dele, enquanto entra por debaixo da coberta discretamente para não despertá-lo e em pouco tempo ele já te puxa para perto, se acomoda nos seus braços  como um porto seguro e o sentimento de confiança te invade o peito e te conforta tanto a ponto de querer descreve-lo enquanto dorme, feito uma criança inocente e despreocupada. Até que de tanto pensar e repensar, por fim você pega no sono, e pouco tempo depois acorda assustada, querendo saber onde deixou o bloco de notas e se depara com ele sentado na beira da cama com a sua xícara de café requentado, que aliás cheira muito bem, porque foi ele quem preparou e o dele é sempre melhor que o seu. Mas quando você tenta tomar as palavras de suas mãos, ele só sede o café com algumas gotas de whisky barato e começa a ler em voz alta, enquanto deixa tudo em segundo plano e segue em sua direção, fazendo cessar a fala com um beijo que só ele sabe dar. 
Mas ... para um escritor o pouco é muito, e o pouco que eu penso em você faz qualquer resquício ter importância, mas acabei beijando seu rosto e olhei timidamente para baixo, escondendo meu olhar gritante.
                                                                                        Rafaella Alvez

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